Marcelo

Postado em sábado, 4 de maio de 2024

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Misto-Quente - Charles Bukowski

Bom, ontem eu terminei a leitura de um dos livros de Bukowski "Misto-Quente" - para ser mais específico, a primeira parte da saga de Chinaski - e sinceramente, foi algo muito interessante. Já não é de hoje que Bukowski chama minha atenção, já havia tentado ler seus trabalhos, porém não tinha maturidade suficiente para entender de fato do que se tratavam as obras. Bukowski com certeza era um escritor que seria possível descrever como "brutal". Em seu modo de escrever, frequentemente descrito como "underground", é comum se chocar com tanta coisa explícita. Sejam cenas mais focadas no erotismo (nesse livro, um desenvolvimento da visão sexual do personagem Chinaski, alterego de Bukowski, que se encontra no início da vida), violência cada vez mais crescente e uma visão de mundo um tanto "cinza" na minha opinião, esse livro te carrega pro lado mais frio e seco da sociedade e realidade. Obviamente, é uma obra que beira o "datado" em contexto, se tratam de outras épocas, então é necessário compreender este fator (digo isto porque muitos criticam a escrita do autor por não verem com olhos de outro tempo - e muito menos "olhos neutros", sem julgamentos, apenas absorção do conteúdo da obra - mas com olhos atuais). Após essa viagem toda, eu posso afirmar que, definitivamente Bukowski é um dos autores que acho necessário. As vezes temos uma visão muito fantasiosa da vida, e precisamos de um peso para retirar esses "balões" que nos fazem flutuar, e assim colocarmos o pé no chão. As obras de Bukowski fazem muito bem isto. Em minha visão pessoal, Chinaski destoa completamente da minha personalidade e estilo de vida, sendo ele beberrão, encrenqueiro, irresponsável, entre outros adjetivos cabíveis no personagem, e é justamente isso que me fez analisar como o livro é necessário. Muita vezes julgamos os outros por suas ações, sem compreender de onde vieram, suas motivações, origens, e com Bukowski, você pode realmente ver a perspectiva de um "velho safado e bêbado", e entender o que se passa naquela cabeça. Ver a perspectiva de Chinaski desde o começo, acompanhando todo seu crescimento e desventuras, é de fato algo interessante. Você não fica complacente com as ações do protagonista, nem necessariamente concorda com elas, você simplesmente "entende" o que está acontecendo, e simplesmente isto basta. Basta porque é o jeito que as coisas ocorreram para ele, e é o jeito com o qual ele decidiu lidar com os acontecimentos. Você não está alí para julgar - se este fosse o caso, pararia no início do livro - mas sim para observar e absorver um pouco dessa frieza do mundo. Minhas considerações finais são: as obras de Bukowski exigem não apenas maturidade, mas também um momento certo para serem lidas. Se você está passando por momentos ruins, complicações, entre outras coisas, deixe para outra hora, não é um livro que vai lhe mostrar as coisas felizes da vida. Da mesma forma, se você ainda é muito novo - como eu fui ao tentar lê-lo pela primeira vez - deixe para o futuro, e talvez você compreenda o objetivo do autor e a necessidade destes tipos de obra no mundo. Uma visão muito "imatura" acarretará em julgamentos e preconceitos com a escrita e línguagem utilizadas na obra - o que ocorre frequentemente, já que muitos chamam Bukowski de misógino e outras coisas. Foi uma obra necessária, pelo menos para minha perspectiva e momento, e com certeza darei continuidade a leitura das próximas "fases da vida" de Chinaski, e outras obras do autor. (editado)