Gabriel Maciel

Postado em domingo, 17 de março de 2024

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Por que nós excluímos tudo aquilo que é contrário ao que definimos como certo?

Quando definimos que tal coisa é certa e nada além disso é aceitável, estou falando de coisas sobre as quais podemos ter diferenças. Um exemplo: não gosto de livros de romance em geral; tem gente que ama esses livros e consome muito. Logo, eu não falo, não converso e nem tento entender por que tal coisa agrada essa pessoa, mesmo que seja bom. Nós não gostamos de estar errados em relação a um gosto que definimos como certo e outro como errado. Tipo, eu não entendo por que gostar de beber muito álcool, cerveja, tem que ser considerado normal. Eu não gosto porque vi meu pai se destruindo por causa desse vício. Logo, não gosto de beber. Eu aceito que meus amigos bebam, mas eu não gosto. Outro exemplo: o funk brasileiro, que na grande maioria fala de libertinagem e ostentação. Tem alguns que são bons, mas eu não gosto e defino como ruins, péssimos. Aí, eu amo samba, mas tem gente que odeia e acha brega. Da mesma forma que eu não entendo a opinião deles sobre o funk, eles provavelmente não entendem a minha sobre o samba. Imagine passar a vida toda acreditando em apenas uma coisa, sendo imutável em suas ideias e gostos, nunca experimentando nem entendendo aquilo que é diferente de nós. Essa coisa de excluir tudo aquilo que é contrário aos nossos gostos e crenças é algo triste. Deixamos de entender e viver a vida, a pluralidade de ideias, músicas, artes e pessoas. Nós deixamos de viver por nossos egos, alimentando aquela nossa voz que diz que tal coisa é certa e o resto é descartável.